A trajetória de João Grilo e Chicó revela dinâmicas que aparecem também nas empresas: criatividade diante da escassez, hierarquias rígidas e líderes que variam entre o autoritarismo e a compaixão.
A seguir, uma análise do filme lançado em 2000 inspirada na peça teatral Auto da compadecida de 1955 de Ariano Suassuna, dirigido por Guel Arraes , que também trás elementos de outras obras como O Santo e a Porca, Torturas de um coração e A pena e a Lei, do mesmo autor e que tem influência de Decamerão de Giovanni Bioccaccio, aplicada ao mundo corporativo.
________________ por Altivânio Azevedo
1. João Grilo: Criatividade como ferramenta de sobrevivência.
João Grilo é o símbolo do profissional que:
• enfrenta cenários adversos,• não tem privilégios,
• conta apenas com sua inteligência,
• cria soluções improváveis,
• usa humor e esperteza para contornar problemas.
Ele representa o colaborador que:
• pensa fora da caixa,
• improvisa com poucos recursos,
• adapta-se rapidamente,
• resolve problemas que ninguém mais quer encarar.
O que podemos aprender com João Grilo?
Em ambientes desafiadores, criatividade vale mais do que posição hierárquica.
Muitas empresas sobrevivem graças aos “Joões Grilos” que encontram soluções onde ninguém mais vê.
O jeitinho como resposta à escassez e humor como ferramenta organizacional.
O “jeitinho” de João Grilo não é sobre falta de ética, mas sobre:
• escassez de recursos,
• desigualdade de oportunidades,
• necessidade de adaptação.
Nas empresas, isso aparece quando:
• processos são burocráticos demais,
• recursos são limitados,
• decisões são centralizadas,
• talentos precisam improvisar para entregar resultados.
Improvisação aparece onde falta estrutura.
João Grilo mostra como humor é também ferramenta estratégica de sobrevivência emocional.
2. Chicó: O profissional que foge do risco, mas agrega pela visão.
Chicó sempre diz: “Não sei, só sei que foi assim.”
Ele simboliza o colaborador:
• avesso ao risco,• que prefere segurança,
• mas observa a realidade com sensibilidade,
• e contribui com histórias e perspectivas.
Chicó representa profissionais que não são líderes natos, mas compõem times com:
• leveza,
• visão narrativa,
• observação,
• apoio emocional.
Chicó nos ensina que:
Nem todo talento é protagonista e isso não diminui seu valor.
3. O Padeiro, o Bispo, o Padre e o Major: As hierarquias e o jogo de poder.
A obra apresenta figuras que exercem poder baseado em:
• posição,
• tradição,
• autoridade institucional,
• influência social.
No mundo corporativo, esses personagens representam:
• gestores autoritários,
• líderes que usam o cargo para impor medo,
• estruturas hierárquicas rígidas,
• decisões baseadas em favoritismo, não em mérito.
Esses líderes frequentemente:
• ignoram talentos,
• não escutam sua equipe,
• tomam decisões precipitadas,
• criam ambientes inseguros.
Lição corporativa:
Hierarquia não garante respeito. O que sustenta liderança é ética, transparência e coerência.
4. A Compadecida: O símbolo da liderança humanizada.
A aparição da Compadecida representa:
• empatia, • compaixão,
• justiça equilibrada,
• sensibilidade humana,
• liderança que considera contexto e intenção.
No mundo corporativo, ela simboliza líderes que:
• escutam antes de julgar,
• entendem fragilidades,
• valorizam a individualidade,
• equilibram regras com humanidade,
• agem pensando no bem coletivo.
Esse jeito abençoado de ser, nos mostra que:
Liderança humanizada não é fraqueza — é inteligência emocional.
Pessoas são mais produtivas quando se sentem compreendidas.
5. O julgamento final: Avaliação de desempenho com humanidade.
Na cena do julgamento, cada personagem é avaliado por:
• ações,
• intenções,
• contexto,
• circunstâncias.
Isso reflete o que organizações modernas têm buscado:
• avaliações mais completas,
• menos punitivas,
• menos baseadas em um único erro,
• mais voltadas à jornada e ao desenvolvimento.
A grande lição dessa cena é:
Avaliar pessoas exige equilíbrio entre justiça e empatia. Ambientes que só punem não aprendem, apenas provocam medo.
Conclusão: O que O Auto da Compadecida ensina ao ambiente corporativo?
A obra é uma metáfora profunda sobre:
• injustiças presentes nas estruturas rígidas,
• poder baseado em status e não em mérito,
• desigualdade de oportunidades,
• inteligência prática como ferramenta de sobrevivência,
• liderança humanizada,
• e a força transformadora da empatia.
A grande mensagem corporativa é: Empresas saudáveis equilibram regras com humanidade, liderança com propósito e poder com ética.
Assim como no filme, equipes prosperam quando:
• líderes escutam,
• talentos são reconhecidos,
• humor é valorizado,
• estratégia é criativa,
• e a compaixão orienta decisões.
No fim, O Auto da Compadecida mostra que toda organização precisa de mais João Grilos, mais Chicós e, sobretudo, mais Compadecidas.
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